Talvez essa seja a maior dúvida dos iniciantes na atividade da piscicultura e uma escolha equivocada pode determinar o fracasso do empreendimento. As principais características das espécies para seu cultivo devem estar ligadas principalmente ao seu potencial de mercado, seus hábitos naturais e a adaptação ao local de cultivo, sua possibilidade legal, aceitação de alimentação inerte, resistência a enfermidades, capacidade de reprodução e pacote tecnológico de produção.
Aceitação no
mercado consumidor e bom valor de mercado são fundamentais para a atividade
inicial da piscicultura. De nada adianta cultivar uma espécie que não tem
aceitação comercial ou baixo valor comercial, todos os custos relacionados ao
manejo podem acabar inviabilizando a produção se o mercado não for o ideal.
Mesmo um
ambiente de confinamento, como o da piscicultura, não podendo igualar as
condições encontradas na natureza é necessário saber as condições naturais em
que a espécie potencial se desenvolve. A ideia é obter o máximo desempenho
dentro de uma condição imposta. Temperatura é o parâmetro principal do
desenvolvimento, não se tratando de um ambiente com controle de temperatura é
fundamental ter um bom histórico do local, considerando principalmente sua
amplitude. Uma espécie não adaptada a essas variações apresentará queda nos
índices de desempenho. O respeito pelo exercício da atividade de forma legal é
um dever do piscicultor, a espécie deve estar comprovadamente estabelecida na
bacia hidrográfica da região.
O hábito
alimentar precisa ser considerado para a utilização eficiente do alimento
inerte. Quando se trata de produção intensiva, onde encontram-se as altas
densidades, é necessário utilizar rações de alto valor nutricional para
alcançar a máxima performance de crescimento em menos tempo. A escolha errada
das rações acarretará aumento nos custos, menor eficiência e degradação
ambiental.
Resistência a
parasitas e doenças, em determinadas condições de cultivo são itens
fundamentais na escolha da espécie. Qualquer ambiente constituído de uma grande
concentração de animais favorece o aparecimento de doenças, os peixes não são
exceção e por diversas vezes estarão susceptíveis às enfermidades, é importante
conhecer a capacidade de resistência da espécie, mas o manejo correto é o
principal fator para diminuição das possibilidades de enfermidades.
Montar novos
ciclos de cultivo está condicionado a capacidade reprodutiva das espécies,
tanto a facilidade quanto a dificuldade interferem nos ciclos de produção. O
domínio da técnica de reprodução é uma grande vantagem e deve ser considerada
na escolha.
As espécies que atendem a todos os pontos citados normalmente têm seu pacote tecnológico desenvolvido, ou seja, todas as etapas estão dominadas e disponíveis. A identificação de novas espécies com potencial de produção em cativeiro é papel de órgãos de pesquisa. Uma piscicultura comercial tem muitas chances de insucesso apostando dessa forma.
Paulo Roberto Pitanga Tavares
Engenheiro de Pesca
Comentários
Postar um comentário