Pular para o conteúdo principal

Série: Viveiros de Piscicultura #2

Bem vindo, caro leitor! Nesse segundo texto da série vamos abordar um tema bem importante - onde vamos construir nossos viveiros? Mas, não em relação aos aspectos técnicos como: relevo, tipo do solo, disponibilidade de água. Isso fica para os próximos textos, aqui vamos iniciar por uma coisa mais simples, mas não menos importante, locais que possuem alguma restrição ambiental.

A escolha é simples, deve-se respeitar locais que possuem restrições ambientais, como áreas de Reserva Legal, Áreas de Proteção Permanente (APP), que são as mais comuns nas propriedades, ou quaisquer outras áreas que possuam algum tipo de restrição, como a impossibilidade de supressão vegetal.

A construção equivocada nestas áreas é um problema muito comum e causa uma série de dificuldades na regularização da atividade. Começando pela Lei 9.605/98, em seu artigo 48, ela afirma que é crime impedir ou dificultar a regeneração de florestas e demais formas de vegetação. Ou seja, construir em áreas protegidas vai causar problemas sérios ao piscicultor.

Nestes casos, não se configura a simples aplicação de sanções administrativas, como embargos e multas. As esferas criminal e administrativa são independentes, sendo que este tipo de conduta se reflete em ambas.

Para que este problema seja evitado é necessário o conhecimento ambiental completo da parte da propriedade na qual se deseja construir os viveiros. A documentação sobre das áreas de preservação permanente e reserva legal deve estar disponível para auxiliar o técnico responsável na determinação do layout de construção.

Sim, é necessário a supervisão de um técnico habilitado para a construção, seja de um único viveiro, seja de uma bateria deles. Mesmo que a sua atividade esteja dispensada de licenciamento ambiental e/ou outorga de uso da água e você não precise de um profissional para elaborar um projeto técnico ambiental para estas finalidades, você ainda estará sujeito a fiscalização ambiental, e por desconhecimento você pode acabar construindo no local errado. Evitar este simples equívoco é básico na piscicultura.

Nos próximos textos abordaremos assuntos mais técnicos, vamos avançando aos poucos. Obrigado pela leitura!

Paulo Roberto Pitanga Tavares
Engenheiro de Pesca

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

5 dicas para estocagem de alevinos.

  Estas 5 dicas são extremamente importantes para o sucesso da fase de alevinagem dos peixes. 1 - CUIDADO NO ABASTECIMENTO E NA DRENAGEM DOS VIVEIROS Deve-se, antes de tudo, focar na prevenção da entrada de predadores nos viveiros, protegendo o tubo de entrada de água com uma tela de malha inferior à 1mm, impedindo a entrada de ovas, alevinos, peixes ou outros predadores. Para a proteção da drenagem, podemos variar as malhas de acordo com o tamanho dos alevinos estocados. Atenção na manutenção e limpeza diária das telas. 2 - SECAGEM E DESINFECÇÃO DO VIVEIRO A cada ciclo produtivo devemos fazer a desinfecção do viveiro. Deixe-o secar por alguns dias, para mineralizar a matéria orgânica, aplique cal virgem ou hidratada na proporção de 150 gramas/m². Deixe por volta de 2 a 3 dias ensolarados, ou até 4 dias se encobertos. 3 - FERTILIZAÇÃO DOS VIVEIROS A adubação deve ser feita no viveiro, pelo menos três dias após a calagem, para estimular o desenvolvimento do fitoplâncton e com isso f...

Série: Viveiros de Piscicultura #1

Bem-vindo, caro leitor! Esse é o primeiro de uma série de textos sobre viveiros de piscicultura. Iniciaremos a série com a mais básica das perguntas: O que são viveiros de piscicultura? Viveiros de piscicultura são reservatórios construídos no terreno natural, podendo ser escavados, semi-escavados ou até mesmo com seus diques elevados. Estas estruturas devem ter sistemas de abastecimento e de drenagem que permitam enchê-los e secá-los completa e individualmente. Existe uma ampla gama de tipos de viveiros, em relação a suas finalidades. Tipos como: viveiros de alevinagem, viveiros de engorda, viveiros de matrizes reprodutoras, viveiros de reprodução, entre outros. Alguns autores consideram que existem dois tipos de viveiros, em relação a suas estruturas, viveiros de barragem e viveiros de derivação. Para nossa série de textos vamos considerar viveiros apenas como os de derivação. E o que seria esse tal viveiro de derivação? Ao contrário do viveiro de barragem que, como o próprio...

A importância do pH na aquicultura.

   O potencial hidrogeniônico é resultado de diversas interações químicas, físicas e biológicas na aquicultura, porém as condições de fotossíntese e respiração contribuem de forma significativa para as oscilações do parâmetro. Durante o dia o pH tende a se elevar devido a fotossíntese realizada pelas algas, já durante a noite ocorre o inverso. Sem entrar nos detalhes químicos, podemos dizer que um equilíbrio entre carbonatos, bicarbonatos e o gás carbônico que são responsáveis pelas oscilações.      O pH  se refere à concentração de [H+] (ou de H3O+) em uma solução, servindo  para indicar se a água está ácida, neutra ou alcalina,  através de uma faixa de medição que vai de 0 a 14, sendo 7 neutro, abaixo de 7 ácido e acima de 7 alcalino. A oscilação desse parâmetro influencia no desempenho e na saúde dos peixes e camarões. Para a maioria dos peixes de cultivo a faixa ideal é próxima a neutralidade (6 a 8).     Os parâmetros de alcalinidad...